Logística verde: impactos e desafios

As discussões sobre logística verde e sustentabilidade não são novas, mas estão ganhando força nas últimas décadas. Desde 1972, quando foi realizada a primeira conferência ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU), vários acordos internacionais foram fechados com o objetivo de preservar a natureza e reduzir a emissão dos gases do efeito estufa. De lá para cá, a sustentabilidade entrou na pauta de empresas de todos os setores. Até por uma questão de demanda de mercado — 68% dos consumidores dizem basear suas compras na avaliação de quais marcas estão comprometidas com uma atuação sustentável, segundo a Forbes.

São muitas as frentes pelas quais as organizações mais bem-sucedidas hoje têm praticado ações sustentáveis; e na logística não seria diferente. Afinal, essa é uma das áreas mais responsáveis por gerar poluição. Em um distribuidor, isso é ainda mais verdadeiro, visto que o core business está ancorado na distribuição de produtos entre uma cadeia de clientes.

 

O que é logística verde?

A logística verde aborda as práticas e processos adotados para que a logística de uma empresa seja realizada de forma sustentável. Em outras palavras, é o conjunto de atividades que visam reduzir o impacto causado pela logística no meio ambiente. Historicamente, os processos logísticos organizacionais eram concebidos às margens do impacto ambiental, ou seja, sem que os possíveis danos causados pelo tráfego dos veículos, entre outras frentes, fossem considerados. A logística verde quebra essa lógica tradicional. Ela torna a configuração de processos, sistemas, equipamentos, veículos e armazenagem mais sustentável. Neste sentido, segue comprometida em atender as demandas logísticas do presente, mas buscando não afetar o acesso das gerações futuras aos mesmos recursos ambientais que dispomos hoje.

 

Principais objetivos da logística verde

1. Reduzir a pegada de carbono das operações logísticas, medida que calcula a emissão de carbono de uma atividade ou empresa

2. Reduzir os níveis de poluição, incluindo do ar, solo e água, além da poluição sonora gerada pelo transporte de mercadorias

3. Adotar um uso racional dos recursos, com uso de embalagens recicláveis ou reutilizáveis e reutilização de containers ou outros equipamentos de transporte

4. Trabalhar a sustentabilidade na cadeia de suprimentos

 

Logística verde na prática: como funciona?

Em termos ainda mais práticos, a logística verde consiste em utilizar processos mais ecologicamente corretos e sustentáveis para reduzir o impacto ambiental da logística. Esta abordagem abrange todo o ciclo de vida do produto: fabricação, armazenagem, transporte, comercialização, uso e descarte.

Uma empresa pratica logística verde quando trabalha consciente e estrategicamente para:

  • Usar matérias-primas ecológicas e materiais recicláveis
  • Consumir energia limpa ou renovável
  • Tornar suas redes de distribuição otimizadas
  • Praticar cross-docking no gerenciamento de suprimentos
  • Otimizar o número de veículos utilizados e também diminuir os quilômetros percorridos
  • Utilizar meios de transporte ecologicamente corretos
  • Garantir que os caminhões sejam carregados com capacidade total
  • Planejar e executar rotas otimizadas
  • Reciclar produtos avariados, devolvidos ou em fim de vida, entre outras ações benéficas para o meio ambiente

Implementar uma cadeia de suprimentos verde também significa selecionar cuidadosamente os fornecedores com os quais se trabalha, analisando os próprios processos e também os ciclos de vida das mercadorias.

 

A importância e os benefícios para o negócio

A logística verde não é apenas uma resposta a movimentos governamentais por mais sustentabilidade nas ações empresariais — ela também pode efetivamente trazer benefícios para o negócio.

1. Redução de custos: Práticas sustentáveis permitem reduzir os custos. O consumo de combustível da frota está diretamente ligado ao tanto que os veículos rodam e, portanto, à emissão de gases do efeito estufa. Quando otimizamos as rotas de forma a reduzir o deslocamento da frota, estamos reduzindo também o consumo de combustível (custos) e a emissão de gases poluentes.

2. Aumento da competitividade: A sustentabilidade está se tornando mais importante para todas as empresas, em todos os setores. Compromissos abrangentes de sustentabilidade estão se tornando comuns entre muitas das principais corporações. As empresas com altas classificações quando o assunto é meio ambiente superam o mercado a médio e longo prazo.

3. Melhora da reputação: Com o avanço da internet e das mídias sociais, o consumidor está cada vez mais atento às ações que as empresas tomam, e a forma como elas lidam com o meio ambiente e o social é hoje um dos principais direcionadores das decisões de compra.

4. Cumprimento da legislação ambiental: Uma série de leis com vistas ao meio ambiente também são mais facilmente cumpridas a partir de uma estratégia de logística verde. A empresa deve se atentar aos códigos legislativos sempre, uma vez que diversas sanções podem ser impostas se não estiver em conformidade.

 

Como aplicar: 5 práticas

1. Integração de critérios sustentáveis nas políticas de abastecimento:

  • Características dos produtos: Optar por embalagens ecológicas, reduzir o uso de plástico e priorizar produtos mais amigáveis ao meio ambiente.
  • Processos de fabricação: Certificar-se de que os fornecedores seguem normas internacionais que promovem a gestão ambiental responsável.
  • Localização dos fornecedores: Dar preferência a fornecedores próximos para reduzir pegadas de transporte. Avaliar a aquisição de veículos industriais mais eficientes e com menores emissões de gases de efeito estufa.

2. Otimização da gestão das frotas de transporte:

  • Aquisição de veículos eficientes: Investir em veículos menos poluentes e mais eficientes.
  • Planejamento de rotas eficientes: Implementar sistemas que otimizem as rotas de entrega e promovam a consolidação de cargas. Isso não apenas melhora a eficiência da frota, mas também reduz as emissões totais do transporte.

3. Armazéns sustentáveis com certificações ambientais:

  • Armazéns logísticos 4.0: Caracterizados por layouts e construções que incorporam medidas de proteção ambiental. Certificações como BREEAM e LEED asseguram a sustentabilidade dos armazéns, considerando aspectos como eficiência no uso de água, energia, fontes de energia alternativas, seleção de materiais sustentáveis e gerenciamento responsável de resíduos.
  • Economia energética: Reduzir o consumo de luz artificial, considerando a automação de processos e embalagens que minimizem o desperdício de recursos.

4. Gestão sustentável de resíduos:

  • Classificação de resíduos: Estabelecer um sistema de classificação de resíduos para facilitar a reciclagem.
  • Redução de papel: Implementar soluções informáticas para reduzir o uso de papel no armazém.
  • Controle de resíduos especiais: Assegurar que os resíduos especiais sejam gerenciados de acordo com procedimentos adequados para reciclagem.

5. Aprimoramento de processos de estoque e logística reversa:

  • Otimização de movimentação: Reduzir deslocamentos dentro do armazém através de uma gestão eficaz das localizações e planejamento otimizado das tarefas de picking.
  • Automatização e robótica: Reduzir danos relacionados ao manuseio manual de mercadorias com a implementação de robôs e sistemas automáticos.
  • Controle de qualidade e FIFO: Estabelecer processos de controle de qualidade para produtos devolvidos e adotar o método FIFO para produtos perecíveis, maximizando a gestão da logística reversa.

Em conclusão, a logística verde é uma abordagem crucial para atacado distribuidor e empresas de todos os setores que desejam tornar suas operações mais sustentáveis, reduzir custos, aumentar a competitividade, melhorar a reputação e cumprir a legislação ambiental. A implementação dessas práticas verdes não apenas beneficia o meio ambiente, mas também gera benefícios econômicos e fortalece a posição da empresa no mercado. Portanto, é hora de repensar a logística e fazer a transição para um modelo mais verde e sustentável.

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